Calma Mirian (minha namorada), eu não peguei ninguém. Apenas reproduzi uma frase que ouvi no coletivo urbano, enquanto me deslocava de um determinado ponto da cidade a outro.
Como sempre, o ônibus estava lotado, assim, de pé como eu estava, ouvi a conversa de dois adolescentes. Um contou para o outro da festa que tinha ido sábado passado, exaltando quantas unidades de bebida alcoólica tinha ingerido e, ao final, como algo que fosse lhe engrandecer diante do colega, fala: “te contei da menina que peguei sábado”?
Esta frase, infelizmente, exemplifica como muitos jovens/adolescentes tratam o ser humano, como apenas um objeto. No sentido que este adolescente se expressou, a adolescente com a qual se relacionou (ficou ou pegou), não passa de um objeto, que após usar e tirar dela o máximo de prazer para si mesmo, jogou fora. Entretanto, certamente para a adolescente que foi pega (na visão do adolescente), quem pegou foi ela, ou seja, o adolescente que pegou, também foi pego; enfim, também foi tido como um objeto (usado e jogado fora).
Não quero ser moralista. O próprio ficar muitas das vezes acontece antes de um namoro, até mesmo entre pessoas que realmente se gostam. O que lamento é um ser humano ver o outro ser humano como um objeto e, pior que isso, permitir que alguém lhe trate como um.
Qualquer relação entre duas pessoas envolve sentimentos. Jamais se pode tratar o outro como algo sem vida, desprovido de sentimentos. Todo ser humano é imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1: 27). Somos criaturas sim, mas criaturas providas de sentimentos. Ser humano não é pego, ser humano é amado, cuidado, zelado.